Saber se a menopausa engorda é uma das dúvidas mais comuns entre as mulheres que estão passando por essa fase. Muitas percebem mudanças no corpo, especialmente o aumento de gordura abdominal, mesmo sem ter mudado os hábitos de vida.
Essa pergunta também surge com frequência em mulheres que estão na perimenopausa ou climatério – fase onde os sinais e sintomas já existem, mas a mulher ainda menstrua. Mas será que essa relação é real ou apenas um mito?
A ciência mostra que sim: o ganho de peso no climatério é uma realidade, mas ele está ligado a uma combinação de fatores hormonais, metabólicos e de estilo de vida, e não apenas ao envelhecimento. Neste artigo te explico o que sabemos sobre isso!

Se a menopausa engorda, quais são as mudanças que devo esperar no meu corpo?
Diversos estudos mostram que sim, a menopausa engorda mesmo, e que desde o período de transição para esta fase (que chamamos de climatério), há uma tendência de aumento de gordura corporal. Em média, as mudanças que ocorrem no corpo são:
- 28% de aumento na gordura corporal total;
- 49% de aumento na gordura intra-abdominal (aquela que se acumula ao redor dos órgãos, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e diabetes);
- Maior depósito de gordura ectópica, ou seja, onde ela não deveria estar: fígado, coração, rins e pâncreas.
Além disso, ocorre uma perda progressiva de massa magra (músculos e osso), alterando a composição corporal, o que impacta o metabolismo e a saúde de forma geral.
E por que a menopausa engorda?
O estrogênio é o principal hormônio que tem sua produção reduzida durante o climatério. Essa queda constante ao longo dos anos, culmina na menopausa, que é a última menstruação. Não é o fato de não menstruar mais que leva diretamente ao ganho de peso, mas sim as alterações hormonais que envolvem esse período. O estrogênio tem papel fundamental no metabolismo, no gasto energético e até no apetite. Quando os níveis desse hormônio caem no climatério, ocorrem alterações importantes que influenciam no peso:
- Maior ingestão alimentar;
- Menor gasto energético pelo corpo;
- Menor disposição para atividade física espontânea.

Isso significa que a queda do estrogênio contribui diretamente para mudanças no peso, favorecendo o acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal, gerando a famosa sensação de “engordei na barriga”.

Outros fatores que contribuem para o ganho de peso na menopausa
O ganho de peso não acontece apenas pela questão hormonal. Outros fatores também influenciam bastante nessa fase e você precisa estar muito atenta a eles também, como:
- Distúrbios do sono: dormir menos de 6 horas por noite pode levar a uma ingestão extra de até 385 calorias por dia.
- Oscilações emocionais: risco até 4 vezes maior de depressão, que se associa tanto ao ganho de peso quanto à obesidade.
- Estilo de vida sedentário: com menos massa magra, o corpo gasta menos energia em repouso. A ausência de atividade física piora o gasto calórico.
- Transtornos alimentares leves: episódios de compulsão alimentar podem surgir na perimenopausa devido às oscilações hormonais.
Menopausa e circunferência abdominal: um marcador importante
Se você leu até aqui, já entendeu que sim, menopausa engorda, porque na transição para a menopausa a gordura passa a se acumular principalmente na região abdominal. Mas por que isso ocorre?
Antes dessa fase, a distribuição de gordura tende a ser mais “ginecóide”, obedecendo um padrão mais feminino, concentrada em quadris e coxas. Já no climatério, há uma mudança para o padrão “andróide” (mais masculino), que é caracterizado pelo acúmulo central de gordura, ou seja, no abdome.
Isso acontece principalmente pela queda do estrogênio, o “hormônio feminino”. Nessa fase, independente do ganho de peso total, a tendência do corpo é depositar gordura nessa região, ocorrendo o que chamamos de redistribuição regional da gordura. Essa redistribuição não é apenas uma questão estética: ela está diretamente ligada a riscos maiores para a saúde.
Muitas mulheres chegam ao consultório preocupadas com a balança, com o formato do corpo e, principalmente, com a “barriga da menopausa” que parece surgir de repente, mesmo sem grandes mudanças na rotina. Esse incômodo é real e merece acolhimento, mas do ponto de vista médico, o olhar vai além da estética. O aumento da circunferência abdominal é um marcador de risco importante. Valores acima de 88 cm estão associados a maior chance de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até aumento da mortalidade.

Por isso, quando falamos em “engordar na menopausa” ou que a menopausa engorda, o foco não deve estar apenas no peso total, mas na composição corporal e no local onde a gordura está sendo depositada. A famosa “barriga da menopausa” precisa, sim, de atenção especial, tanto pelo impacto na autoestima quanto pelas implicações para a saúde a longo prazo.
Se a menopausa engorda, como devo me cuidar?
A primeira coisa que quero te dizer é: calma. Está tudo bem se você percebeu mudanças no corpo nessa fase. O ganho de peso e a alteração da forma corporal não são culpa sua, eles fazem parte de um processo natural da vida da mulher. A boa notícia é que existem várias formas de cuidar da saúde para reduzir esses efeitos e manter qualidade de vida durante o climatério.
Exercícios mais recomendados
Manter-se ativa é um dos pilares mais importantes. Exercícios aeróbicos como caminhada, corrida leve, bicicleta ou natação ajudam a controlar o peso, proteger o coração e melhorar a disposição. Já os exercícios de força, como musculação, pilates e treino funciona, são fundamentais para preservar a massa magra, fortalecer ossos e acelerar o metabolismo, que naturalmente fica mais lento nessa fase.
Menopausa e saúde mental
Outro ponto que merece atenção é a saúde mental. Oscilações hormonais podem aumentar a irritabilidade, ansiedade, tristeza ou até predispor à depressão. Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Técnicas de manejo do estresse, psicoterapia e até atividades prazerosas do dia a dia (como hobbies, socialização e momentos de autocuidado) fazem diferença enorme na forma como a mulher atravessa a menopausa.
Acompanhamento com ginecologista e reposição hormonal
Por fim, o acompanhamento médico é essencial. É nesse momento que o ginecologista pode avaliar a necessidade de tratamentos específicos para aliviar sintomas e preservar a saúde da mulher. Entre as opções, a terapia de reposição hormonal merece destaque. Quando bem indicada e acompanhada, ela pode ajudar não apenas nos sintomas típicos, como ondas de calor, mas também em questões ligadas à saúde metabólica e à composição corporal.

E reposição Hormonal, engorda?
Uma das maiores preocupações das mulheres é se a reposição hormonal para tratar o climatério vai causar aumento de peso. Mas a boa notícia é que as evidências científicas apresentam justamente o contrário!
Os estudos mostram que a reposição pode reduzir a circunferência abdominal, melhorar a composição corporal e aumentar a sensibilidade à insulina, todos pontos importantes para a saúde metabólica.
Além disso, as revisões científicas são consistentes em afirmar que nem o uso do estrogênio isolado, nem a combinação com progesterona, estão associados ao aumento do peso corporal.
Outro ponto positivo é que o estrogênio influencia na forma como a gordura se distribui pelo corpo. Ele ajuda a reduzir o acúmulo abdominal, que é mais prejudicial, e favorece a distribuição no quadril e nas coxas, considerada mais saudável.
Então, é verdade que a menopausa engorda, né?
Sim, a menopausa engorda, especialmente na perimenopausa, ou seja, nos anos que antecedem a menopausa propriamente dita. Como falamos, isso ocorre devido à queda dos hormônios, às mudanças na composição corporal e a fatores relacionados ao estilo de vida como sedentarismo, problemas com o sono e estresse emocional.
A boa notícia é que é possível agir para minimizar esses efeitos. Há muito que pode ser feito, como manter hábitos saudáveis, investir em atividade física, cuidar da qualidade do sono e, quando bem indicada, considerar a reposição hormonal como aliada da saúde metabólica.
Quer saber qual é o grande segredo?
Se preparar para a menopausa antes que ela chegue!
Recapitulando:
Menopausa engorda, mas quanto mais saudável a mulher chega nessa fase, menores são os impactos em todos os aspectos da saúde e no ganho de peso.
O acompanhamento ginecológico é imprescindível para se preparar para essa fase, para ter bons resultados e garantir que você está sendo bem cuidada para viver o climatério com qualidade de vida, antes mesmo dos sinais e sintomas surgirem.
Se você está passando pela menopausa, ou começou a perceber mudanças no seu corpo e quer entender melhor esse momento, podemos conversar com calma, avaliar juntas os seus sintomas e se é hora de iniciar os cuidados para essa fase, incluindo intervenções e tratamentos que tragam mais conforto e qualidade de vida.