O que é DIU e como funciona?

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Você já deve ter ouvido muito falar sobre DIU. Mas você sabe o que é o DIU e como ele funciona?

O Dispositivo Intrauterino (DIU) é um dos métodos contraceptivos mais eficazes, práticos e duradouros disponíveis hoje. Ainda assim, ele levanta muitas dúvidas: “Dói para colocar?”, “Qual é o melhor tipo?”, “Pode usar sem ter filhos?”.

Neste artigo trouxe exatamente os assuntos das minhas conversas com minhas pacientes em consultório, porque que eles podem esclarecer as dúvidas de outras mulheres que buscam tomar decisões com segurança e informação de qualidade.

Aqui você vai encontrar: o que é o DIU, como ele age, quais os tipos disponíveis, indicações, mitos e cuidados, e muito mais!


O que é o DIU?

Mas afinal, o que é o DIU?

Trata-se de um pequeno dispositivo que é inserido dentro do útero por uma ginecologista treinada.

É um método contraceptivo de longa duração, com validade de 5 a 10 anos de uso, dependendo do tipo escolhido. Além disso, é totalmente reversível: basta retirar para que a fertilidade retorne.

E talvez o ponto mais importante para muitas mulheres seja a eficácia — o DIU tem uma das menores taxas de falha entre todos os métodos que existem hoje, com menos de 1% de chance de gravidez, ou, em outras palavras, mais de 99% de eficácia.


E quais são os tipos de DIU?

Basicamente, podemos dividir os tipos de DIU em dois grandes grupos. DIUs hormonais e não hormonais. Essa divisão facilita muito o entendimento e a escolha entre tantas opções.

1. DIUs não hormonais

Você pode estar se perguntando: se um DIU não tem hormônio, como consegue prevenir uma gravidez? Todo DIU não hormonal é feito de cobre e funciona a partir da liberação de íons do próprio material, o que leva a uma resposta inflamatória local no endométrio, criando um ambiente hostil aos espermatozoides e impedindo a fecundação. O cobre também exerce efeito direto sobre a movimentação e viabilidade dos espermatozoides, inibindo sua migração e capacidade de fertilização.

A grande vantagem dele é o fato de não ter hormônios, tornando-o uma ótima escolha para as mulheres que não podem ou não querem usar hormônios.

Mas, como nem tudo são maravilhas, ele pode ter alguns efeitos colaterais e os mais comuns são: aumento do fluxo menstrual (em quantidade de dias e volume de sangramento) e das cólicas, especialmente em quem já apresenta essas queixas, principalmente nos primeiros meses após a inserção.

DIU de cobre puro pode durar de 5 a 10 anos, dependendo do modelo (TCu380A, Multiload, etc.).

Existe também um outro DIU não hormonal, que é o DIU de Cobre com Prata. Aqui um detalhe que causa confusão: não existe DIU de prata puro, ele é sempre em sua base, um DIU de cobre. Ele funciona “igual” ao DIU de cobre, mas com adição de um núcleo de prata, que tem como objetivo principal reduzir a degradação do fio de cobre, gerando uma proteção contra a liberação abrupta de íons de cobre. E o que isso significa na prática? Uma provável melhor adaptação, tolerância e eficácia em comparação com o DIU de cobre puro, sem efeitos colaterais adicionais gerados pela prata. Portanto, menor risco de efeitos colaterais inflamatórios, como sangramento e cólicas aumentados, com duração de 5 anos.

Comparando o DIU de cobre+prata com o DIU de cobre puro, não há consenso na literatura médica que demonstre real superioridade do DIU de cobre+prata, apesar dos novos estudos apontarem para esse resultado.

2. DIUs hormonais

Agora que já falamos sobre os DIUs sem hormônio, vamos conversar sobre os que contêm hormônio. Eles também são inseridos dentro do útero, mas têm um mecanismo de ação diferente: liberam pequenas doses de progesterona (mais especificamente, o levonorgestrel) diretamente no endométrio. Com isso, afinam essa camada interna do útero e espessam o muco do colo, dificultando a passagem dos espermatozoides e impedindo que ocorra uma gestação.

Hoje temos dois principais tipos: o Mirena® e o Kyleena®. O Mirena tem uma dose hormonal um pouco mais alta (52 mg) e pode ser usado por até 8 anos como método contraceptivo, e por 5 anos quando indicado para proteção do endométrio, como nos casos de Terapia de Reposição Hormonal na menopausa. Já o Kyleena libera uma dose menor de hormônio (19,5 mg) e tem duração de até 5 anos.

Ambos são altamente eficazes na contracepção e ainda trazem um efeito adicional que muitas mulheres valorizam: reduzem bastante o fluxo menstrual e as cólicas — e em muitos casos levam à suspensão total da menstruação. Isso faz deles uma ótima opção para quem tem sangramentos intensos ou apenas quer mais conforto no dia a dia.

Mas, como todo método, os DIUs hormonais também podem causar efeitos colaterais, especialmente nos primeiros meses após a inserção. É comum ocorrer um sangramento irregular (spotting), que costuma se resolver com o tempo. Algumas mulheres também relatam oleosidade da pele, o que pode favorecer surgimento de acne. Além disso, sensibilidade mamária, ou alterações de humor, mas esses efeitos tendem a ser leves e, na maioria das vezes, transitórios. Na prática, a maioria das mulheres se adaptam muito bem ao Mirena e ao Kyleena. O mais importante é que esses sintomas sejam acompanhados com atenção, para avaliar se o método está realmente adequado ao seu corpo e à sua fase de vida.

Uma diferença importante entre eles está no tamanho: o Kyleena é um pouco menor, o que facilita a colocação e correto posicionamento em quem tem o útero de menor volume. O Mirena, por ter uma liberação hormonal maior, é mais indicado no controle de sintomas como dor pélvica, doenças como endometriose, adenomiose, e alterações do endométrio.

Ambos são métodos modernos, práticos e seguros — e a escolha entre um e outro vai depender do seu perfil, das suas queixas e do que você espera de ganhos com o método de acordo com seu momento da sua vida.


Como o DIU funciona?

Resumindo o que conversamos aqui em cima, podemos usar a tabela abaixo para visualizar melhor:

TIPO DE DIUMECANISMO PRINCIPALEFICÁCIA ANUAL (FALHA)
Não hormonalEfeito inflamatório que gera ambiente hostil0,8% a 1%
HormonalEspessamento do muco + afinamento do endométrio0,2% a <1%

Dito isso, você sabia que o DIU de cobre pode ser usado como método contraceptivo de emergência? Sim! Assim como a pílula do dia seguinte. O DIU de cobre pode ser inserido até 5 dias após uma relação desprotegida, induzindo uma resposta inflamatória no endométrio ao cobre e alterando o ambiente uterino, tornando-o tóxico para espermatozoides e óvulos. Isso inibe a migração e a viabilidade dos espermatozoides, prevenindo que alcancem e fertilizem o óvulo. Esse mecanismo é altamente eficaz, com taxa de gravidez inferior a 0,1% quando utilizado nesse contexto. Mais uma vez, continua não sendo abortivo, agindo antes da fecundação.

Outro detalhe sobre a ação dos DIUs é que o mecanismo de ação deles não se baseia no bloqueio da ovulação, portanto não agem de maneira efetiva no controle da TPM ou dor ovulatória.


Para quem o DIU é indicado?

Uma das grandes vantagens do DIU é que ele pode ser usado por mulheres em diferentes fases da vida. Com avaliação individual, pode ser uma ótima escolha inclusive para adolescentes e mulheres jovens, ao contrário do que muita gente ainda imagina. É um método ideal para quem busca uma contracepção de longa duração e praticidade, já que não precisa lembrar todo dia, nem a cada mês.

Também é uma excelente opção no pós-parto, já que o hormônio que tem no DIU é permitido na amamentação, podendo ser colocado a partir da 6ª semana após o parto normal ou cesárea. Para mulheres que não podem ou não desejam usar pílulas ou hormônios em geral, o DIU de cobre pode ser a melhor solução. Já no climatério e na menopausa, o DIU hormonal Mirena® também pode ser usado como parte da reposição hormonal, atuando como a fonte de progesterona necessária para proteger o útero.

Existem, sim, algumas contraindicações, como infecções pélvicas ativas, sangramentos uterinos ainda sem diagnóstico ou malformações uterinas que dificultem a adaptação do dispositivo lá dentro. Mas essas condições são avaliadas com cuidado antes da colocação, justamente para garantir segurança e bons resultados.


Como é a colocação do DIU?

A colocação do DIU pode ser feita em consultório, de forma segura e rápida, após uma avaliação detalhada. Primeiro, conversamos sobre seu histórico de saúde, objetivos, tolerância aos efeitos colaterais, realizamos o exame ginecológico e, quando necessário, pedimos um ultrassom para entender melhor o útero por dentro.

O procedimento em si costuma durar em torno de 15 minutos. Costumo indicar em todos os casos, exceto nos que tem contraindicação, um analgésico e anestesia local em spray para tornar tudo mais confortável. Com o auxílio de instrumentos específicos e técnica de manipulação precisa e rápida do útero, o DIU é inserido corretamente dentro da cavidade uterina, via vaginal, sem cortes.

Alguns minutos após o procedimento, a paciente já pode voltar para casa e, geralmente, retomar as atividades leves sem restrições. Agendamos uma revisão entre 4 e 6 semanas para confirmar o posicionamento do DIU e a adaptação no dia a dia.

Esse momento precisa ser vivido com o máximo de acolhimento. Por isso explico cada etapa, utilizo técnicas de controle de dor e mantenho uma escuta atenta, para que a mulher se sinta segura do início ao fim. Um diferencial que sempre traz mais tranquilidade à paciente, quando estou inserido o DIU, é a destreza para realizar o procedimento de forma rápida, sem perder qualidade na técnica. Isso é possível através de habilidade cirúrgica e da experiência em inserções de DIUs. Sempre digo à paciente: “vai ser tão rápido, que quando você pensar em sentir dor, já acabou!” E o retorno é sempre um alívio: “Doutora, eu sofri à toa por antecedência.”

Para as pacientes que têm um limiar de dor baixo, que já tiveram uma experiência ruim ou que estão com muito medo mesmo, é possível realizar a inserção com sedação, realizada por anestesita, em clínicas com essa estrutura ou em hospital. A paciente dorme enquanto o DIU é inserido e não sente nada. Em uma consulta que entende a história e acolhe os medos da paciente é possível identificar se esse é o caso e indicar a melhor maneira de inserir o DIU.


Efeitos colaterais e riscos do DIU

Assim como qualquer método, o DIU pode trazer alguns efeitos nos primeiros meses, principalmente durante o período de adaptação do corpo.

É comum sentir um pouco mais de cólica ou notar sangramentos irregulares (o famoso “escape”), principalmente com o DIU hormonal. Mas esses sintomas costumam melhorar com o tempo, e o uso de analgésicos simples pode ajudar a passar por essa fase com mais tranquilidade.

Em casos mais raros, pode haver expulsão parcial ou total do DIU, especialmente no primeiro ano de uso. Por isso, fazemos acompanhamento regular. Existe ainda um risco muito pequeno de perfuração uterina durante a inserção (algo que acontece em menos de 0,1% dos casos), mas com técnica adequada e profissional experiente, esse risco é minimizado ao máximo.

O mais importante é lembrar que qualquer sintoma persistente ou alteração deve ser avaliado com cuidado — o DIU é seguro, mas cada corpo reage de um jeito, e acompanhar isso de perto é parte essencial do cuidado.

POSSÍVEL EFEITOQUANDO COSTUMA OCORRERCONDUTA
Cólica e sangramento nos 1ºs 3 mesesAdaptação do úteroAnalgésicos simples; tende a normalizar
Spotting (DIU hormonal)1ºs 6 mesesNormal; acompanha-se
Expulsão parcial/total (2–5%)1ºs 12 mesesRetirada/novo DIU
Perfuração uterina (raríssima <0,1%)Momento da inserçãoDiagnóstico precoce e tratamento

DIU e fertilidade: posso engravidar depois?

A resposta é simples: sim, pode engravidar normalmente após a retirada do DIU. A fertilidade costuma retornar rapidamente porque o DIU atua localmente, dentro do útero, sem interferir nos ovários ou nos hormônios que regulam a ovulação. Ou seja, ele não “bloqueia” nada, nem altera o funcionamento natural do seu corpo. Por isso, é uma ótima opção para quem quer evitar gravidez por um tempo, mas pensa em engravidar futuramente.


Mitos comuns sobre o DIU

O DIU ainda carrega alguns mitos que, infelizmente, afastam muitas mulheres de um método tão eficaz e prático. Um deles é a ideia de que só pode ser usado por quem já teve filhos — isso não é verdade. E, além de não ser verdade, hoje os métodos de longa duração, como o DIU, devem a primeira escolha para jovens e adolescentes segundo a Organização Mundial de Saúde.

Outro mito bastante comum é o de que o DIU engorda. Mas o DIU de cobre nem sequer tem hormônio, e o hormonal libera uma quantidade muito pequena, concentrada apenas no útero — com os estudos demonstrando que não há evidências de que cause ganho de peso.

Também não é verdade que o DIU cause infertilidade. Como já expliquei, a fertilidade volta rapidamente após a retirada. E, por fim, sobre o fio do DIU atrapalhar o parceiro: na prática, ele é cortado bem curto, e a maioria dos parceiros nem percebe que ele está lá. Se ele perceber, avaliamos novamente o tamanho do fio e, podemos cortar menor ainda, se for o caso.

Outro mito muito comum, que na verdade é uma dúvida bem importante, é se o DIU pode ser considerado abortivo. A resposta é não. O DIU, seja hormonal ou de cobre, atua antes mesmo que ocorra a fecundação, impedindo que o espermatozoide chegue ao óvulo ou que o ambiente esteja favorável à gestação. Ele também pode dificultar a nidação, que é a fixação do óvulo fecundado no útero, mas não tem ação sobre uma gravidez já estabelecida. Ou seja, o DIU não interrompe gestação e não é um método abortivo, como muitas vezes se supõe por desinformação.


Como escolher o melhor DIU para você?

A melhor escolha é aquela que faz sentido para o seu corpo, seus sintomas, sua rotina e seus planos. Se você tem fluxo intenso ou muitas cólicas, o DIU hormonal, provavelmente, será mais vantajoso. Se prefere evitar qualquer tipo de hormônio, quer conhecer seu ciclo menstrual, o DIU de cobre é uma excelente alternativa. No climatério, quando é indicado repor estradiol, o DIU Mirena entra como a opção prática para fornecer a progesterona que protege o útero.

O tamanho do útero também pode influenciar: mulheres que nunca tiveram filhos ou têm o útero menor podem se beneficiar de modelos mais delicados, como o Kyleena. Ele é uma boa escolha também para a mulher que quer usar pouco hormônio, mas não toleraria o aumento do fluxo ou cólica do DIU de cobre.

Para escolher o melhor DIU é levado em conta seu estilo de vida, objetivos e histórico de saúde.

Por isso, a consulta é tão importante. É nela que escutamos, avaliamos e planejamos, juntas, o melhor caminho, com cuidado, clareza e acolhimento.


Recapitulando:

O DIU é um método contraceptivo moderno, seguro e altamente eficaz. Existem versões com e sem hormônio, cada uma com seus benefícios e pontos de atenção. Independente da maneira como cada um age, todos são extremamente seguros. A escolha ideal depende do seu momento de vida, suas necessidades e o que você deseja para seu corpo.

Se você está pensando em colocar um DIU ou quer entender melhor qual método contraceptivo pode ser o mais indicado para você, agende uma consulta com ginecologista especializado. Estou à disposição para conversar com calma, tirar suas dúvidas e escolher, juntas, o que realmente faz sentido para você.

Dra. Laís Carvalho

CRM-MG 71683 | RQE 48345 | RQE 59373

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Muito prazer, eu sou a Dra. Laís Carvalho

Ginecologista com foco em longevidade íntima & cirurgia ginecológica

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Com atuação em Climatério, Reposição Hormonal e Cirurgia Ginecológica, minha missão é ofertar qualidade de vida para mulheres que se dedicam à longevidade.

Meu atendimento é feito com acolhimento e carinho, unindo conhecimento e resolutividade, sempre focado na qualidade da consulta e no cuidado integral com cada mulher.

Acredito em uma ginecologia honesta, baseada em evidências, empatia e respeito, que impacte positivamente na trajetória das mulheres.

Importante: atendimento particular

Dra. Laís Carvalho | CRM-MG 71683 | RQE 48345 | RQE 59373